A confiança dos pequenos negócios no mês de setembro permaneceu estável e em um patamar neutro, segundo indicador calculado pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os dados mostram que apesar de um recuo de 4,8 pontos no setor da Indústria de Transformação, o índice geral oscilou apenas -0,2 ponto, graças às altas dos indicadores em Comércio e Serviços.
O IC-MPE de 100,4 pontos é resultado da fusão dos índices de confiança dos três principais setores da economia: Comércio, Serviços e Indústria de Transformação. A estabilidade da confiança, em setembro, foi uma média entre as altas dos setores de Comércio e de Serviços, que cresceram 1,6 ponto e 0,9 ponto, respectivamente, e o recuo no setor da Indústria.
“No mês de setembro, a confiança dos donos de micros e pequenas empresas acomodou no patamar neutro de 100 pontos mostrando, contudo, uma heterogeneidade entre os setores”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Segundo ele, Comércio e Serviços estiveram em alta, em contraposição à queda do setor da Indústria de Transformação.
Comércio
Pelo segundo mês consecutivo, a confiança das micro e pequenas empresas do setor de Comércio (MPE-Comércio) avançou. O setor cresceu 1,6 ponto, passando a 100,8 pontos, maior alta desde dezembro de 2018 (102,7 pontos). O resultado favorável do comércio parece ser ainda efeito das políticas de incentivo ao consumo, com a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e antecipação do 13º salário. Além disso, a desaceleração dos preços e a recuperação do mercado de trabalho contribuíram de forma positiva para estimular o consumo. Isso pode ser corroborado pelo indicador que mede o emprego, que registrou alta de 3 pontos, e pela melhora das perspectivas sobre novas vagas de trabalho nos próximos meses, cujo indicador cresceu 1, chegando a 95,6 pontos.
Serviços
Em setembro, a confiança dos donos de micros e pequenos negócios do setor de Serviços (MPE-Serviços) aumentou para 101,5 pontos, ganhando 0,9 ponto. A alta se deve tanto à situação atual quanto às expectativas de curto prazo. O Índice de Situação Atual das MPE do setor de Serviços (ISA-S-MPE) avançou 1,2 ponto, para 103 pontos. O resultado foi influenciado exclusivamente pela melhora das avaliações sobre a situação atual dos negócios, cujo indicador subiu 2,6 pontos, para 104,1 pontos, o maior nível desde junho de 2012 (104,9 pontos). O aumento da satisfação com a situação atual não está relacionado a um incremento da demanda, considerando que o índice que mede o volume de demanda atual manteve-se praticamente estável, ao ceder 0,2 ponto, caindo 101,9 pontos, segunda queda seguida, mas aparentemente pela desaceleração dos custos diante de uma desaceleração dos preços e melhora da atividade econômica.
Indústria de Transformação
Pelo terceiro mês consecutivo, a confiança das micro e pequenas empresas do setor da Indústria de Transformação (MPE-Indústria) piorou: a queda foi de 4,8 pontos, batendo os 96,2 pontos, saindo do nível de neutralidade. A piora da confiança no setor atingiu os dois horizontes temporais. O Índice da Situação Atual das MPE da Indústria de Transformação (ISA-I-MPE) caiu 5,8 pontos, para 92,7 pontos, o menor nível desde junho de 2020 (85,0 pontos), período da pandemia do COVID-19. Esta queda deveu-se, majoritariamente, ao nível de estoque, que piorou 14,3 pontos, para 81,6 pontos, o que significa que as indústrias estão ficando mais estocadas. Houve percepção de piora também da situação atual, cujo indicador diminuiu 2,7 pontos. O volume de demanda interna atenuou o resultado do mês, ao subir 1,7 ponto.
Pelo terceiro mês seguido, os donos de pequenos negócios projetam um cenário pessimista: o Índice de Expectativas das MPE da Indústria de Transformação (IE-I-MPE) recuou 3,6 pontos, atingindo 99,6 pontos. A principal influência para esse resultado foi o menor otimismo em relação a contratações no curto prazo. O indicador que mede as perspectivas sobre o emprego nos próximos três meses caiu 9,7 pontos, indo para 105,9. Além dele, as expectativas sobre a produção prevista para os próximos três meses caíram 2,5 pontos. Somente em um horizonte um pouco maior o resultado ainda é favorável: o quesito que mede a tendência dos negócios nos próximos seis meses subiu 1,7 ponto.
Fonte: Sebrae